Uma consulta de Nutrição fala “para além das calorias”®
Quem procura uma consulta, tem, nos dias de hoje, mais exigências ou uma maior exigência. Procura um/a nutricionista que encaixe na sua personalidade, no que está disposto a ceder, que ofereça estímulos ou, uma abordagem mais disruptiva. Eu concordo na medida em que, enquanto nutricionista, é importante conhecermos o paciente. Ouvir o seu histórico, mesmo o histórico de acompanhamentos anteriores, em que foram bem sucedidos ou não. Para quem tem maior resistência, é importante uma metodologia no acompanhamento para encontrar soluções e, a um determinado ritmo, progredir para os objetivos. Para quem deseja uma disrupção, é importante moderar e encontrar um equilíbrio. Em ambas, é fundamental a mensagem de que é o Plano alimentar que deve servir a pessoa e, não a pessoa a servir o Plano alimentar, havendo, naturalmente, as necessárias concertações.
Reconhecermos a personalidade ou o perfil da pessoa, como vai aceitar ou reagir a determinadas estratégias alimentares e, sentir os timings certos para novas medidas, para reforçar positivamente, para chamá-la a um maior compromisso, para dar espaço terapêutico, entre outros. A relação nutricionista-paciente desenvolve-se de um primeiro contacto para uma ligação de empatia, que se constrói e evolui com uma compromisso e numa direção em comum. O/A nutricionista deve estar sempre lá, sem desprimorar, mas tem que aceitar que, do outro lado, o paciente tem flutuações na motivação, acontecimentos do dia-a-dia e, pensamentos que ora o impulsionam, ora o retêm. Num livro que li recentecimento, o autor, James C.Hunter, diz que o amor é também um comportamento e não só um sentimento. Compreendo bem que é esse comportamento de amor na relação com os outros – mesmo no contexto de consultas de Nutrição, que faz a diferença no caminho e nos resultados desejados.
Levar, ainda, o paciente a refletir como gere a sua saúde, propondo-o a vê-la como se fosse uma tarefa profissional: “no seu trabalho, não tem prazos de entrega? se não o fizer, o que é que acontece?”. Não é com a intenção de imprimir qualquer tensão; é antes para que a pessoa se permita a parar para transferir a eficácia que tem noutros compromissos para este que é a relação que tem com a sua alimentação e o seu autocuidado.
Este é também um meio para que as pessoas encontrem felicidade e, se possam encantar com as competências descobertas para manterem os resultados que alcançaram e conquistaram. Acredito que é pela ligação que se cria, em consulta, com as pessoas e, a ligação que é promovida para que a própria pessoa se ligue e se volte mais para si, que está o sucesso para hábitos alimentares que se esperam, sobretudo, duradouros e equilibrados. É uma escolha.
A saúde é uma área preciosa pelo empenho que exige. Terminaria, assim, por dizer que, quem é nutricionista, tem, nos dias de hoje, que satisfazer a maior exigência e o maior n.º de exigências por parte do seu paciente e, exigir-se, por isso, mais de si enquanto profissional de saúde. E, com certeza, o paciente encontra o/a seu/sua nutricionista, numa relação de empatia, identificação e vontade em comum para o motivo da consulta. Numa consulta de nutrição, fala-se para além das calorias®.
Teresa Campos, Nutricionista e Diretora clínica da Nutrémia, Clínica de Nutrição e do Comportamento